Oração fúnebre proferida pelo Acadêmico Pilati nas exéquias de Aluizio Blasi.

ORAÇÃO FÚNEBRE PROFERIDA PELO DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DA UFSC E PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DA ACADEMIA CATARINENSE DE LETRAS JURÍICAS – ACALEJ, PROFESSOR DOUTOR JOSÉ ISAAC PILATI, NAS EXÉQUIAS DE ALUIZIO BLASI, EM FLORIANÓPOLIS, JARDIM DA PAZ, EM 17 DE SETEMBRO DE 2018

Tenho a honra de falar em nome de tantas autoridades que aqui estão a reverenciar a hospitalidade mortuária de Aluizio Blasi. Aqui está a Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina, da qual foi ele o primeiro servidor técnico administrativo e consolidador; também foi aluno e secretário da sua centenária Faculdade de Direito; por isso a bandeira da instituição ali está a cobrir-lhe os pés, como uma Nossa Senhora em prantos. Aluizio Blasi foi Advogado, Presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil de Santa Catarina, e aqui estão tantos colegas e o seu Presidente Paulo Marcondes Brincas, a lamentarem o infausto acontecimento.

                Foi Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, e aqui estão, juntamente com outros Desembargadores, o Presidente Rodrigo Tolentino de Carvalho Colaço e uma coroa de flores, amparada por estrado, em profundo silêncio reverencial.  Foi Juiz do Tribunal Regional Eleitoral, e aqui está o seu Presidente Desembargador Ricardo José Roesler, com outros Juízes daquela Corte e um tributo de saudade. Foi Presidente do Instituto dos Advogados de Santa Catarina, e recebe homenagens do Presidente em exercício Professor Doutor Cesar Luiz Pasold e do Ex-Presidente e confrade de Academia Ricardo José da Rosa.

                Ele pertenceu à Academia Catarinense de Letras Jurídicas, como fundador da Cadeira n° 08, cujo Patrono é o sogro e seu Professor Pedro de Moura Ferro; e aqui está o Sodalício em peso, completando em reverência este adeus, tão curto para o tempo e tão pouco perante a eternidade. Aqui estão em prantos as insígnias da imortalidade e o perfume dessas flores. E o venerando atril, onde bruxuleiam estas velas da luz perpétua e do mérito perene, abraça-o derradeiramente. Tantos e todos que aqui estão, enfim, parentes, amigos, autoridades – depositam nas diletas mãos de dona Nazareth, das filhas Heloisa, Helena e Cristina; dos genros, netos e bisneto, a urna cívica de Aluízio Blasi.

            Como Acadêmico Aluizio Blasi hoje atinge a completude na imortalidade, e o seu silêncio incorpora-se, no repouso, ao silêncio musical de los ojos de Diós, como diz Garcia Lorca; lá de onde vem isso da alma dos pássaros e este doce silêncio do Jardim da Paz. Os romanos tinham uma palavra para os momentos definitivos de transformação como este – a inauguratio. Momento religioso, em que os augúrios e o Direito investiam alguém na dignidade outorgada pelos deuses e pelo populus. Hoje, Aluizio Blasi inaugura-se na dignidade suprema da imortalidade acadêmica. E o féretro que daqui sairá em instantes, confiemos às flores, que representam dignamente o efêmero.

            Os pré-socráticos diziam que a morte é apenas uma palavra, porque, enfim, tudo permanece, e Fernando Pessoa, perene entre nós, diz em poesia: eu passo e permaneço no universo. Assim são os rios e Aluizio Blasi. Nasceu nas cabeceiras telúricas de Campos Novos, e desaguou entre flores, pranto e reconhecimento em Florianópolis, no Jardim da Paz. Como os rios, passou e não passará jamais. Requiescat in pace.  

Deixar uma resposta